Fiocruz Brasília e IPEDF lançam Sala de Cooperação Social Digital

A Fiocruz Brasília e o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) realizaram no último dia 21 de novembro o lançamento da Sala de Cooperação Social Digital no âmbito do projeto Rede de Radares para Territórios Saudáveis e Sustentáveis. A iniciativa faz parte do convênio firmado entre as duas instituições para criar uma rede de inteligência cooperativa no Distrito Federal e fortalecer a governança local das políticas públicas para o desenvolvimento territorial, com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

A Sala de Cooperação Social (SCS) é um “dispositivo” de inteligência cooperativa para monitorar e avaliar as condições de vida em territórios de maior vulnerabilidade social. A SCS vai reunir e disponibilizar informações estruturadas e não-estruturadas para orientar a ação coletiva, integrando a pesquisa, a educação e ações estratégicas na busca de soluções para os problemas sociais relacionados às condições de vida do território. As informações poderão servir de subsídios para a tomada de decisão do poder público, sobretudo em momentos de crise, como no caso da pandemia de Covid-19. As SCS seguem o modelo do Radar de Territórios, contemplado na Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde (Picaps). As SCS são desenvolvidas na Plataforma Ágora, um espaço virtual de interação e inteligência cooperativa para a sociedade.

Para a aplicação da SCS, serão formados pesquisadores populares, que atuarão na coleta de informações, sistematização e análise de dados. A formação destes pesquisadores é uma das próximas ações do convênio. Entre as atividades já realizadas estão as oficinas da Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a cartografia social, ambas realizadas no território Sol Nascente/Pôr do Sol.

Para o coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, o lançamento da SCS é de extrema importância para a vida nos territórios. “Este momento é muito importante para a Fiocruz Brasília. É uma parceria muito produtiva, e estamos avançando na perspectiva de trabalhar as vulnerabilidades existentes no Distrito Federal”, afirmou.

Jean Lima, diretor-presidente do IPEDF, ressaltou a importância do projeto. “É esse tipo de parceria, que envolve os gestores, as instituições, os movimentos sociais, que faz com que a pesquisa fortaleça a metodologia e dê a demanda social com as informações da pesquisa. E pesquisa sem demanda social muitas vezes não passa de um dado. Vivemos um período em que precisamos afirmar a questão da evidência científica como um instrumento para a política pública”, avaliou.

Segundo o defensor público Ramiro Nóbrega, do Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), a iniciativa permitirá que os órgãos de assistência jurídica tenham conhecimento da situação dos territórios. “Esse trabalho é fundamental para que possamos realizar ações articuladas que buscam aprimorar as políticas sociais que atendem essa população”, afirmou.

Carol Peres, do Programa Estratégico UnB 2030, avalia que o projeto é fundamental para o território e que deve focar na juventude. “Se tratando dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o programa foca na juventude, que é a transformação social que precisamos. Temos que levar para os jovens essa agenda que precisamos tanto discutir e entender as metas que ela busca alcançar”, afirmou.

Para Valdeci Silva, representante do território e integrante da Justiça Comunitária e Rede Sol, é muito importante trazer a população para discutir a própria realidade. “O Sol Nascente é um território muito carente. Esperamos alcançar o maior número de pessoas da nossa região para se envolver nesse projeto”, avaliou.

Priscilleyne Reis, enfermeira epidemiologista da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), garante que a nova tecnologia desenvolvida será benéfica para a SES: “Teremos grandes resultados para trabalharmos em conjunto e gostaríamos de nos apropriar e conhecer mais da ferramenta e do projeto como um todo, utilizando os dados para elaborarmos políticas que, de fato, atenda o público que precisa”, enfatizou.

Para a decana substituta de Pesquisa e Inovação da Universidade de Brasília (UnB), Marileusa Chiarello, a parceria entre Fiocruz, IPE-DF e UnB, responde a desafios da atualidade. “O levantamento dessas informações favorece a implementação de políticas públicas baseadas na realidade, e que vão mitigar os problemas que enfrentamos atualmente. Gostaria de parabenizar e chamar a atenção de que conseguimos colocar na mesma mesa o poder público, a sociedade e a academia para discutir o futuro”, destacou.

O objetivo da Sala de Cooperação Social é dar subsídios para que o território possa articular políticas públicas e fortalecer a governança. É que explicou Wagner Martins. “Na saúde temos uma situação muito importante, porque a capacidade de a ciência transferir o conhecimento para ser aplicado no serviço é muito pequena. Temos de acelerar isso para que as tecnologias não caiam no ‘Vale da Morte’ e cheguem no paciente. Por isso, precisamos de inovação, para assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas. Portanto, a criação das Salas de Cooperação Social visa construir condições para acompanhar a situação de vida de populações vulnerabilizadas no território, tendo a formação de pesquisadores populares como um elemento que irá fortalecer a governança territorial. Assim, eles poderão entender como usar as evidências para reinvindicação das políticas públicas”, pontuou Martins.

Para Cecília Sampaio, coordenadora da Diretoria de Estudos e Políticas Ambientais e Territoriais do IPEDF, o objetivo do projeto realizado em parceria com a Fiocruz Brasília é a formação de pesquisadores populares. “A SCS será utilizada agora pelas pessoas que farão o curso de formação, e este será um ambiente para que essas pessoas possam ter conhecimento sobre as informações do próprio território”, afirmou.

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