Ajudar a ativar uma rede sociotécnica para o desenvolvimento territorial de Araponga (MG) e a região do Parque da Serra do Brigadeiro, caminhando para a internalização da Agenda 2030. Este foi o objetivo da equipe da Fiocruz Brasília que viajou até o município de Minas Gerais para participar do projeto Gênero, Quintais Produtivos e Desenvolvimento Territorial Saudável, Sustentável e Solidário, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) em parceria com a Fiocruz.
O projeto faz parte de uma parceria entre as duas instituições, e ajuda promover o uso saudável, sustentável e solidário dos territórios a com vistas à governança territorial para a promoção da saúde, soberania alimentar e geração de renda. O foco são os quintais produtivos e o uso de práticas populares em saúde desenvolvidas por mulheres agricultoras familiares.
Entre os dias 17 e 18 de novembro, foram realizados encontros com a finalidade de criar um plano de ação na região para promover o desenvolvimento territorial. Durante a oficina, foram realizados o desenho de cenários para orientar a produção do plano de ações local, a elaboração da cartografia social com riscos do território, a estruturação de ações de organização da vigilância popular territorial e a organização de um comitê local do projeto quintais produtivos com vistas à promoção da saúde.
Além da Fiocruz e Contag, participaram da oficina a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Arapoanga, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), a Cooperativa da Agricultura Familiar de Araponga (Cooafa), Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Prefeitura de Arapoanga, a Escola Família Agrícola de Araponga (EFA) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Ao final da oficina, o resultado foi positivo. “A inserção das Agendas Internacionais (ODS/Agenda 2030 e Plano da Década da Agricultura Familiar – PDAF) nos territórios é um processo difícil que exige muito cuidado para a aprendizagem dos trabalhadores. A oficina conseguiu promover o diálogo horizontal e nas bases da ciência cidadã. Construímos um pacto estruturante de fortalecimento da agroecologia entre as agricultoras familiares, lideranças locais (Sindicato e cooperativa) as instituições de ensino e pesquisa (EFA, Fiocruz e UFV), as organizações dos trabalhadores (Fetamg e Contag) e o Centro de Tecnologias Alternativas, com a produção de uma agenda realista para a promoção do desenvolvimento territorial saudável, sustentável e solidário”, revelou Wagner Martins, coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Fiocruz Brasília.
Durante os trabalhos, foi realizada uma mística que simboliza o uso sustentável dos bens naturais (terra, semente e água) como representação das intencionalidades do projeto, além de uma visita à unidade familiar de produção agroecológica da agricultora Maria Rosânia.
Após a oficina foi criado um comitê local com participação da Fiocruz, sindicato, EFA, CTA, Cooafa, Fetaemg, Contag e uma representante das agricultoras familiares para iniciar a implementação do plano de ação e dar andamento ao projeto. Entre ações estratégias, estão o fortalecimento da cooperação interorganizacional, a criação de um laboratório para o desenvolvimento territorial saudável e sustentável, a construção de um termo de cooperação interinstitucional, a criação de um fundo de apoio à agroecologia, o fortalecimento da comissão de mulheres, o desenvolvimento de sala de cooperação social com dados de políticas públicas e das cadernetas agroecológicas, entre outras.
O município de Araponga é uma das referências de agroecologia no estado e por isso o local foi escolhido para a realização da oficina. “Saio daqui fortalecida, pois sozinhas somos pétalas e juntas formamos uma flor”, afirmou a agricultora Maria da Aparecida Gomes Alves após a oficina.
Foto: Iony Cunha/Fiocruz Brasília
