EFA 2030 representa Fiocruz em conferência global convocada pela ONU/OMS

Está sendo realizada em Genebra a 1ª Conferência Global sobre Poluição do Ar e Saúde, convocada pela ONU/OMS e envolvendo diversas outras agências, em função do quadro da poluição atmosférica e sua relação com a saúde e, ao mesmo tempo – o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) debate nesta terça-feira (31/10) a primeira revisão dos padrões de qualidade do ar.

Para o assessor da Presidência da Fiocruz e secretário executivo da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) Guilherme Franco Netto, que representa a Fundação na conferência, “é importante que o Conama observe a necessidade de que parâmetros e limites sejam os próximos dos da ONU e OMS para que haja proteção à saúde e a defesa do meio ambiente relacionada a esta questão global, como também propõe o Ministério da Saúde, não havendo então riscos de que adotemos parâmetros aquém do que precisamos. É fundamental que o Brasil atinja o padrão ideal até 2030, em cumprimento aos ODS”.

Flickr/John Westrock

Franco Netto diz que “há importantes evidências, apresentadas nesta terça-feira, 31 outubro, que mostram que a poluição atmosférica é a principal causa de problemas de saúde relacionados ao meio ambiente”. Segundo o assessor, a poluição do ar relacionada a emissões industriais, veiculares, domésticas, queimadas, urbanização desordenada, está diretamente ligada a doenças respiratórias agudas e crônicas, cardiovasculares (infarto, AVC, câncer, tromboses) e outros problemas. A Fiocruz é Centro Colaborador em Saúde Pública e Ambiente da Opas/OMS.

“Em 2005 a OMS recomendou que fossem reduzidos os limites dos parâmetros de poluição do ar. Os países do Hemisfério Norte adotaram, no essencial. Entretanto, esses limites foram adotados apenas parcialmente no Hemisfério Sul, acarretando em transferência dos problemas de saúde, relacionados à poluição do ar, do Norte para o Sul. O Brasil, com alto e acelerado índice de urbanização, entre esses países. Isso faz com que no Brasil as doenças respiratórias sejam a principal causa de internação hospitalar e entre os grupos de maior mortalidade e morbidade”, diz Franco Netto.

Segundo o levantamento Poluição atmosférica e saúde infantil: prescrevendo ar limpo, 93% da população jovem do planeta, o que inclui 630 milhões de crianças com menos de 5 anos e 1,8 bilhão com até 15 anos, estão expostos a níveis de poluição por material particulado “fino”, isto é, com até 2,5 micrômetros (milésimos de milímetro) de diâmetro, acima dos recomendados. Conhecido pela sigla MP 2,5, esse tipo de sujeira no ar é um dos mais nocivos à saúde, atingindo as regiões mais profundas dos pulmões e podendo chegar à corrente sanguínea. Relacionada a males que vão desde maior risco de parto prematuro a infecções respiratórias agudas, inclusive pneumonia, asma e câncer, essa exposição excessiva ao MP 2,5 dentro e fora de casa está por trás da morte de cerca de 7 milhões de pessoas em 2016, das quais 543 mil crianças com até 5 anos e 52 mil com entre 5 e 15 anos, segundo a OMS.

Os 17 ODS refletem temas centrais como a qualidade de vida das pessoas e o futuro do nosso planeta. Respeitando seu caráter universal, caberá aos países ajustarem essas diretrizes e seus mecanismos de implementação aos respectivos contextos nacionais. Cabe destacar o importante papel que cumprem na Agenda 2030 questões muito afeitas a áreas de atuação da Fiocruz, como a educação em ciências, a educação ambiental, a informação e comunicação e o patrimônio cultural como dimensão do desenvolvimento sustentável.

Por Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)

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