Sobre Ciência Aberta

A Ciência Aberta nasce do entendimento de que toda forma de conhecimento é um patrimônio da humanidade e, portanto, um bem de todos os cidadãos. Graças ao advento da web 2.0, da conectividade, da interatividade virtual, da cultura do compartilhamento e do acesso e dados abertos, este modo de fazer ciência tem sido potencializado, se proliferando por instituições de pesquisa, universidades fundações, governos e startups.

A prática de Ciência Aberta é caracterizada pelo uso e disponibilização de acesso aberto, dados abertos (como artigos e pesquisas), recursos educacionais abertos, softwares abertos e de metodologias abertas (como revisão entre pares e desenvolvimento de pesquisas).

De acordo com Albagli (2015, p.14):

Advoga-se que a ciência aberta promove o aumento dos estoques de conhecimento público, propiciando não apenas a ampliação dos índices gerais de produtividade científica e de inovação, como também a das taxas de retornos sociais dos investimentos em ciência e tecnologia. Tem-se demonstrado que, historicamente, é no compartilhamento e na abertura à produção coletiva e não individual que melhor se desenvolvem a criatividade e a inovatividade. A complexidade dos desafios científicos e a urgência das questões sociais e ambientais que se apresentam às ciências impõem, por sua vez, facilitar a colaboração e o compartilhamento de dados, informações e descobertas.

 

A Ciência Aberta possibilita maior visibilidade e interatividade entre cientistas e pesquisadores de diversas regiões, o que gera grande potencial de inovação e de resposta a problemas. Diversos projetos apontam para seu potencial colaborativo e cooperativo, como o caso brasileiro da ReneZika (Rede Nacional de Especialistas em Zika). Além disso, algumas metodologias de Ciência Aberta possibilitam a inclusão de cidadãos e grupos sociais dentro do fazer científico, participando ativamente das pesquisas. Esta aproximação da ciência com os cidadãos leva o nome de Ciência Cidadã, que abre espaço para uma prática científica diretamente relacionada às necessidades da sociedade, tendo em sua gênese a participação e a inovação social, com alto valor educativo e capacidade de fortalecimento local de pesquisa.

 

A ciência aberta não se dirige tão somente às potencialidades e facilidades de geração e circulação de informação e conhecimentos – ou seja, a um produtivismo de nova ordem. Ciência aberta mobiliza múltiplos níveis e escopos de abertura, remetendo tanto a um sentido pragmático, de permitir maior dinamismo às atividades de ciência, tecnologia e inovação, quanto a um sentido democrático, de possibilitar maior diversidade de perspectivas no âmbito da própria ciência e, ainda, maior participação e intervenção da sociedade. São questões de ordem qualitativa, onde as dimensões ética e política estão estreitamente associadas. (SCHNEIDER, 2013)

 

A Ciência Aberta traz consigo conceitos, práticas e metodologias que certamente contribuirão para a renovação e a inovação científica e poderá compor, junto a outros métodos, uma práxis em consonância com o século XXI e seus desafios. Para conhecer mais sobre o assunto visite o Blog da Ágora, lá você pode encontrar uma série de matérias e conteúdos atualizados sobre o tema.

 

ALBAGLI, Sarita; MACIEL, Maria Lucia; ABDO, Alexandre Hannud (Org.). Ciência aberta, questões abertas. Brasília: Ibict; Rio de Janeiro: Unirio.

SCHNEIDER, Marco. Ética, política e epistemologia: interfaces da informação. In:
ALBAGLI, Sarita (org.). Fronteiras da Ciência da Informação. Brasília: IBICT, 2013.
p. 58-77.

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